quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Nome Comum e Nome Científico - Carl Linnaeus


Conhecemos muitos animais pelos seus nomes comuns, mas esses nomes diferenciam-se em cada região. Lembro que em uma visita ao interior da Amazônia fiquei impressionada de ver quero-queros na beira de um açude, sendo chamados de tetéus, os quero-queros. Essas aves são conhecidos pelo seu comportamento de sempre alerta, sentinelas, um fato curioso é que seu nome, Tetéu, dá apelido às pessoas com essas características naquela região.
Para evitar as confusões que prejudicariam as pesquisas científicas foram criados os nomes científicos. As espécies podem ter diversos nomes populares, porém o nome científico é único, escrito em latim, grego ou latinizado,  composto de dois nomes que juntos dão o nome à espécie segundo suas características. O latim é considerado uma língua morta, não há nenhum país que fale essa língua, facilitando o seu uso no meio científico.
Essa solução foi criada pelo botânico Carl von Linnaeus em 1735, que criou normas para nomear todos os seres vivos. 
 
Por exemplo o nome científico do tucano-de-bico-verde, considerada a ave que mais avança ao sul, é Ramphastos dicolorus nomeado por Linnaeus em 1766. Examinando o nome, ramphastos significa longa ou grande espada, di em latim é separado e colorus é colorido, assim concluímos que é uma ave colorida com longo nariz, bico.
Tucano-de-bico-verde – Ramphastos dicolorus

Quem foi Carl Linnaeus?

Foi o mais ilustre botânico conhecido no mundo, nasceu no dia 23 de maio de 1707 em Stenbrohult, Suécia. Filho de um ministro luterano e botânico amador. As flores, que decoraram seu berço e o acompanharam na infância fazem parte dos seus primeiros encantos em relação a diversidade da natureza. Gostava de aprender o nome das plantas com seu pai e isso marcou sua vida, pois tentou ordenar de forma científica o amontoado de informações sobre elas, através de um sistema original onde cabia todos os elementos da natureza. Formou-se em medicina, na época em que a botânica era um ramo da medicina.
Antes dele, Aristóteles, Leonhart Fuchs, John Ray e Joseph Pitton de Tournefort fizeram a sistematização da natureza cada qual com características distintas. Linnaeus foi além deles, marcou o nascimento da taxonomia moderna, com uma nomenclatura usada até hoje, marcada pela sua paixão pela ordem, pretendia encontrar um método natural de classificar as plantas e animais em grupos, queria desvendar a lógica secreta da criação biológica natural, divina.

Agrupou os organismos em categorias que chamou de gêneros. Sua classificação era inédita, com novas concepções sobre os reinos da vida, incluindo o reino vegetal, animal e mineral. Cada ordem foi subdividida em gêneros e cada gênero em espécie. Concebeu 6 classes dentro do reino animal: Quadrupedia, Amphibia, Vermes, Aves, Pisces e Insecta. Linnaeus catalogou cerca de 7.700 plantas e 4.400 animais. Criou também um grupo de criaturas quiméricas, que chamou de Paradoxa, criaturas desnorteantes como o unicórnio, fênix, dragão, sátiro e um sapo gigante que se metamorfoseia num pequeno sapinho. Mas na verdade sua especialidade eram a flora, sua classificação do reino vegetal foi muito inovadora e abrangente. Baseou-se na estrutura sexual das plantas e usou os estames e pistilos para caracterizar seus grupos, assim definiu 23 classes organizando todas as plantas floríferas conhecidas na sua época. Criou a 24ª classe para as plantas que não tem flor, as criptógamas. Cada classe foi subdividida em ordens com base nos pistilos. Exemplos de nome de classes: Monandria, Diandria, Triandria (palavras que significam, um marido, dois maridos e três maridos). Muitas vezes foi humilhado por seus contemporâneos devido a essas metáforas sexuais, mas isso não impediu que suas ideias se alastrassem por toda a Europa. Ele apreciava a diversidade da natureza e acreditava que era necessário ordenar, nomear, contar, estudar e compreender todas as criaturas da terra, para isso era necessário a observação e um sistema.
Em uma expedição pela Lapônia coletou muitos materiais e registrou em um diário, que publicou com o nome de Flora Lapponica, antes de completar 25 anos em 1782.


Linnaeus estabeleceu o sistema binomial em latim para nomear as plantas, estendendo esse sistema a todas as espécies animal e vegetal. O ser humano passou a ser conhecido como Homo Sapiens. Classificou em ordem alfabética 500 gêneros de plantas, porém Linnaeus viveu no período das grandes navegações e milhares de novas espécies foram desvendadas, tornando mais complexo e mais problemática o sistema criado por ele.
Escreveu muitos livros como Systema Naturae (1735), Flora Suecicam (1745), Philosophia Botanica (1751), Species Plantarum (1753), este último onde estabeleceu o sistema binomial em latim.
Tornou-se o mais famoso naturalista da Europa, tornando-se um enciclopedista da flora e da fauna global. Seus “discípulos” como ele chamava os estudantes que cooperavam com ele, lhe enviavam as espécimes de outras regiões e do Novo Mundo, pois Linnaeus não viajou pelas novas terras descobertas, mas sistematizava todo o material que recebia.
Linnaeus não foi um viajante, homem sedentário, viveu em Uppsala, seu mundo era sua biblioteca, seus manuscritos, coleções, a universidade, o Jardim botânico e sua propriedade rural, Hammarby. Viveu até 10 de janeiro de 1778, sepultado na Abadia de Westminster na Suécia.

Linnaeus acreditava que o conhecimento deveria ser transmitido e não guardado, por isso sua viúva vendeu suas coleções ao inglês James Edward Smith que fundou uma sociedade científica Linnean Society of London, ali os tesouros de Linnaeus estão guardados em um cofre no subsolo, mas disponíveis aos estudiosos. A casa de campo Hammarby hoje é museu, onde pode-se ver sua coleção de cajados, seu barrete vermelho, retratos de seus filhos e do macaco de estimação. Flores recortadas de livros enfeitam as paredes do seu quarto, mostrando todo o amor que o botânico tinha às plantas. 

Nossa cidade, Caxias do Sul homenageou esse botânico através da Universidade de Caxias do Sul, isso foi em 2007 por ocasião do tricentenário do nascimento do botânico, (1707), com palestras, exposição e inauguração do Jardim de Linnaeus, um espaço dentro do Jardim Botânico de Caxias do Sul, idealizado pelo então coordenador do Jardim Botânico Ronaldo Wasum, falecido em 2014.  Lembro que na época a escola em que trabalhava participou da inauguração e também de passeios de estudo, onde conhecemos o espaço com espécies vegetais classificadas por Linnaeus. 


Folder da inauguração  do Jardim de Linnaeus com ilustração da vinha, tão comum na nossa região, classificada por Linnaeus.
Bibliografia:
Texto baseado na reportagem da:

National Geographic, Abril SP, junho 2007, no. 87 “A Paixão pela Ordem” pg.121 à 134

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Andorinha-serradora

Andorinha-serradora
Família: Hirundinidae

Nome Científico: Stelgidopteryx ruficollis

Comprimento: 14 cm.
Alimentação: cupins, moscas, abelhas e formigas.
Final da tarde de sexta-feira, o calor da primavera atrai aves que escaparam do frio, como as andorinhas. Estas foram fotografadas á beira de um açude no interior de Ana Rech, várias andorinhas-serradoras estavam pousada numa árvore seca. Sua garganta é castanha e cauda mais próxima ao  retangular, facilitando a identificação. Cabeça e dorso cinza, cauda e ponta das asas escuras.
 Seus ninhos são construídos em barrancos, a beira de rios ou açudes ou em construções humanas.






Pesquisa do site:
https://www.wikiaves.com.br/andorinha-serradora
Estado de Conservação - Pouco preocupante

terça-feira, 2 de outubro de 2018

São Francisco de Assis

São Francisco de Assis, dia 04 de outubro

Independente de religião, São Francisco, patrono da Itália,  é um santo que encanta a todos os ecologistas e amantes da natureza, pois é considerado também patrono dos animais e do meio ambiente.
  
Quem foi esse santo que trouxe a renovação da igreja católica num momento em que a Inquisição condenava à fogueira os indivíduos que pensavam contrários aos padrões citados pela instituição maior?
Como São Francisco e sua ordem escaparam da fogueira e se tornaram símbolo do catolicismo mundial?

Vários movimentos como o de São Francisco, pregando a pobreza surgiram antes do seu nascimento e todos foram massacrados, porém São Francisco conseguiu a autorização do próprio Papa para poder valer a sua Ordem e isso é uma longa história.
Acrílico sobre tela representando São Francisco em harmonia com os animais.

São Francisco viveu na região italiana da Umbria, na cidade de Assis no século XII. Época em que a  igreja vivia no luxo e na ostentação. O celibato não era obedecido, pois até os papas tinham mulheres e filhos.  A Igreja tentava a todo custo manter o equilíbrio da hierarquia eclesial, massacrando os movimentos renovadores, através da Inquisição. Nessa época, em 1.182 nasceu João, mais tarde conhecido como o pobrezinho de Assis, filho de emergentes burgueses mercadores de tecido. Viveu uma vida de luxo até ser tocado pelo exemplo de Jesus. Na Guerra de sua cidade contra Perugia, aos 19 anos de idade, lutou como cavaleiro, e foi preso por um ano. No cárcere adquiriu uma nova consciência que o levou a buscar novos rumos para sua vida. Nas suas reflexões foi tocado pelo exemplo de Jesus, pelo seu amor aos mais pobres e sofridos. No oratório de São Damião  Francisco ouviu o chamado de Deus para “arrumar” a casa divina.  Os pontos fundamentais eram a pobreza suportada com alegria e a comunhão com todas as coisas criadas. Converteu-se entregando-se a pobreza com alegria e em comunhão com todas as coisas criadas por Deus. Pedinte, chegou a ser confundido com um mendigo, mas sua fé e coragem fizeram com que despontasse como um líder espiritual. Atraiu para si seguidores e teve a coragem de fundar uma nova ordem, mas sob a proteção da igreja dominante. Reuniu seus fiéis na igreja de Porciúncula e ali recolheu a nobre Clara Offreduzzi como abadessa do ramo feminino da ordem franciscana, denominadas Clarissas. Sua humildade, tolerância aos abusos da Igreja e obediência absoluta a esta instituição favoreceu para que sua Ordem fosse aceita pelo Papa. As regras da Ordem pregavam uma radical volta aos princípios do evangelho contra as injustiças sociais buscando como ideal viver a vida a exemplo de Jesus. Chamou sua irmandade de Ordem dos Frades Menores. Os desfavorecidos tão esquecidos pela sociedade foram por ele enaltecidos “Quem trata mal a um pobre injuria a Cristo”, essa máxima de S. Francisco trouxe à tona uma nova visão da mensagem da Caridade. A irmandade vestia-se de uma simples bata de tecido áspero com uma corda na cintura e pés descalços, ou toscas sandálias, faziam jejuns frequentes e pediam esmolas. Sua Ordem atraiu muitos seguidores e esse engajamento favoreceu o surgimento das missões franciscanas com o intuito de praticar a caridade além das fronteiras de Assis, chegando à Alemanha, França e Espanha.

Sua ordem cresceu tanto que a Igreja Católica achou por bem torná-la mais flexível, para melhor poder controlá-la, contra a vontade de São Francisco. Seu amigo cardeal Ugolino de Seni, escreveu a segunda regra diminuindo a rigidez da ordem, pois já contavam com milhares de irmãos aliados, aumentando assim a parte burocrática. São Francisco, se demite do cargo de Ministro Geral da Ordem, desgostoso com as pressões que sofria. Em 1224 após 40 dias de jejum recebeu os estigmas, as feridas de Cristo no seu corpo. Morreu aos 45 anos no dia 3 de outubro de 1226, entoando o salmo 142, na igreja de Porciúncula.

São Francisco pregou o amor a todas as criaturas da terra, pois todos são criaturas vindas de Deus e merecem respeito, por isso ficou conhecido como o santo padroeiro dos animais e do meio ambiente.
São Francisco com seus "irmãos", acrílico sobre tela.

Bibliografia: Revista "Aventuras na História" - São Francisco de Assis de playboy a santo. p 32 a 41. Abril - SP